terça-feira, 9 de março de 2010

Sebo Livros - Rua Joaquim Nabuco, 410


O gato move-se logo atrás do seu dono, adentrando a loja.
O chão da calçada que acaba de deixar é de lajotas arredondadas, algumas em desalinho com relação às outras e um pouco levantadas por efeito do tempo.

Lá Franz pôs dois bancos de concreto, um em frente ao outro, para que ele e seus compadres pudessem conversar.
Há algumas semanas a prefeitura chegou e pediu que ele retirasse um dos bancos e pusesse ao lado do outro, para que os pedestres não se sentissem constrangidos ao passar por ali.
Achei uma pena. Ver os senhores prozeando era sempre muito gostoso. Dava a sensação de estar na praça de uma cidade pequena, apenas sentindo a vida passar.

Há um conjunto de arcos unidos formando um caramanchão entre o sebo e o término da calçada.
Ao passar por ele, todo coberto de trepadeiras, é como passar por um portal que transporta para um lugar sem tempo nem problemas.

O número da casa é 410, grafado com tinta azul marinho em azulejos coloridos de azul e amarelo.
Ao lado esquerdo da porta fica uma placa oval de madeira onde foi talhado o nome do estabelecimento: Sebo Livros. Nome que combina com a simplicidade e o “ser, em vez de apenas querer ser” daquele local.
Em outro plano, acima dos azulejos e abaixo da calha, há uma pequena placa retangular de metal que diz "tudo vale a pena se a alma não é pequena".

Há plantas em vasos, com flores roxas, rosas e lilases em degradê, e árvores, muitas vezes visitadas por macacos, delimitando o espaço.

Franz mora em uma casa de madeira construída em cima do sebo. Ela tem seis janelinhas quadradas que sempre vejo abertas.
Ele é uma pessoa muito agradável, daquelas que faz com que você se sinta em casa só de estar em sua presença.
Vegetariano, ambientalista, culto, simpático e bom.

Um dia fui até lá comprar um livro de presente para um amigo. Já sabia qual queria e logo ao entrar o encontrei sozinho em cima de uma mesa. Achei curioso. Mas era de se esperar de um lugar tão mágico que os livros já se pusessem à disposição dos interessados por eles ou, quem sabe, escolhessem aqueles com quem gostariam de estar.

2 comentários:

  1. Está muito bom. Ofereça ao Franz. Único ponto a sugerir alteração é onde consta "apenas ser, em lugr de querer ser". A rigor essa frase esconde ou não entende que tudo foi feito plelo Franz para parecer além de ser. Os bancos, a cobertura de vegetação; tudo é uma produção bem sucedida. Assim, seria melhor: "ser, em vez de apenas querer ser." O Franz vai entender e sorrir.

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