quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lia



Tinha essa vontade de pertencer.
Por isso se enroscava nas franjas da rede, se oferecia para o vento e se deixava engolir pelo mar.

Enquanto as outras só queriam um jeito de sair dali, seu sonho era morar dentro de um abraço. Braços de quem fosse.

Ele costumava comparar os pés da moça a um diário, em que se registravam os dias com areia quente, raízes saltadas e pedras pontudas.
A escrita era involuntária. Ela nem sabia ler.

Ele já a lia com fluência de língua nativa.
Um rascunho de romance de Jorge Amado, cuja autoria desejou que fosse sua.


*texto escrito com base na fotografia de Carolina Tibério.