quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Qual o tom?


- Estou pronta. Me dê um tom.
- Dó menor.
- Esperava já.
- O quê?
- Você, com essas questões depressivas.
- Ah, vá! Não acredito que vai me analisar até na nota que escolho!
- É, ué. Além de dó, coisa que sei bem ter por si mesmo, ainda escolhe um tom triste desses.
- Vem cá. Você é o quê? Iluminada? A descobridora da felicidade? Ridícula, viu...
- Pelo menos não me gabo por ser um poço de melancolia.
- Mas exibe essa esperança constante e impenetrável que, sinceramente, é impossível de se ter.
- Pura idealização sua. Você é cheio dessas de imaginar as pessoas como a salvação da sua condição, que julga tão miserável.
- Queria que escolhesse Sol Maior?
- Não. Isso é o que achou que eu seria pra você.
- E se achei? Agora acho que é só espectro.
- Erro. Somos tão somente Ré - ou réus, variando entre maior e menor toda vida.

2 comentários:

  1. Tem muito valor, na forma e no conteúdo. A forma se confunde com o conteúdo, quando Sol é sol. O Dó triste é dó. O Ré com sua ambiguidade nos faz sempre réus, ou seja, pacientes da ação da vida. É apenas um pouco triste.

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