Quando penso em escrever, aponto o lápis mais macio até deixar sua ponta bem fina.
A caligrafia deve ser leve, bonita, redonda, na tentativa de influenciar o conteúdo que transporta.
Eu gosto tanto de grafite, acho que por poder apagar, não deixar vestígios.
Agora noto que assim levo a vida.
Acostumei a escrevê-la a lápis, contando com a chance de depois apagar e reescrever. Ela, tolerante comigo, fez com que assim fosse.
Mas o belo que vem da leveza não basta, não compensa.
É preciso densidade. São necessárias as marcas.
Em uma vida pra valer, “só pode à caneta”. Lembro da professora dizendo isso em dia de prova e do quanto eu não gostava.
Não prometo mudar o gosto. Meu fascínio permanece pelas coisas fugazes, de que me desfaço sem sofrer.
Posso passar a escrever com grafite só por hobby, mas usando tinta para os textos da vida.
Escrita madura e agrádavel em cada palavra.
ResponderExcluirbesos, lele
PS: eu te escrevi à caneta na minha vida
Amarylis faz uma inteligente distinção entre falar-se sobre a vida, o que se faz a lápis, e viver-se a vida no concreto, para o que cabe o uso de tinta. Mostra em plenitude sua vocação como escritora, na medida em que sabe que experimenta, no seu lápis, as emoções e o viver no espaço do faz-de-conta. Reconhece, a certo contragosto, que o viver à tinta deixa marcas e não se apaga de todo. Amarylis é, hoje, jovem e linda, uma escritora que aceita viver sua vida real com dores e prazeres sobre o que ela não terá controle.
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